
Em entrevista a um webzine, o multiinstrumentista Ihsahn, líder da cultuada banda Emperor e integrante do Peccatum (ao lado da esposa, Ihriel), falou sobre o fim do grupo e admitiu não ter mais tanta paciência para escutar metal. Confira alguns trechos:
Sobre o fim do Emperor
Não somos pressionados para voltar, mas sentimos o desejo das pessoas. Acho que ninguém se deu conta do que estão desejando. Se os fãs querem outro In The Nightside Eclipse, eles já têm isso. Se eles estão pensando que o Emperor acabou por influências externas, eles estão certos. Não começamos a tocar black metal para agradar os outros. Não é música pop para fins comerciais. Esse tipo de coisa desperta uma rebeldia em mim. Se tentam me dizer como me concentrar para compor ou gravar, instantaneamente faço o contrário. É como um mecanismo de auto-defesa.
Se penso no Prometheus [último disco do Emperor] agora, percebo que ele refletia meu estado de espírito na época. Não é um disco convidativo. Ele tende a ficar pomposo, mas sempre retorna à escuridão. Eu nunca quis compartilhar o Emperor com os outros. Era nossa banda, não dos outros. A visão dos fãs em cima da banda ficou maior do que a visão da banda sobre si mesma. É surreal. As forças que te ajudam a levar uma banda pra frente começam a se virar contra você...
Sobre a cena atual de metal extremo:
Nunca fui bom em seguir a atualidade. Claro que recebo muitas demos para a Mnemosyne Productions e, ocasionalmente, encontro algo que me agrada. Mas minha forma pessoal de pensar sobre isso é bem estranha. Eu fico na expectativa de que as pessoas gostem do que ando ouvindo, mas sempre retorno à nostalgia. Se quero ouvir black metal, vou direto para o Bathory.
Hoje em dia tem banda demais por aí. Quando o Emperor começou, não existiam muitas bandas por aí, então era fácil separá-las. Eu faço tanto metal na minha vida e dou aulas de guitarra que sinto que tem metal demais em mim. Prefiro ouvir Radiohead, Björk, jazz, coisas assim. Durante todos os anos que ouvi metal, senti que eu estava perdendo muito de outros estilos e agora comecei a acompanhar um pouco melhor.
Tem tanta coisa boa por aí que nem sei do que se trata. Eu sou chato com o que escuto, mas tendo a sempre gostar de algo dentro de um gênero específico. Mesmo que não exista apelo em algo, eu acabo sentindo que há substância no que estou ouvindo, que existe uma contribuição positiva com o que há de novo. Este é o elemento-surpresa. Eu respeito a arte de fazer música, qualquer que seja ela. Tem muita música sombria por aí que não tem nada a ver com terror ou Satanás. Tem muito gênero bom por aí que você não ouve porque limita os estilos que deve escutar. Fazer isso é triste. Ou não, talvez eu esteja apenas ficando velho.
Sobre os shows de "reunião" do Emperor
Sempre pensamos em fazer alguns shows de vez em quando, mas nunca apressamos a idéia. Agora a demanda está tão grande, que resolvi aparecer no estúdio do Zyklon [banda do guitarrista Samoth e do baterista Trym, ambos do Emperor] para tentarmos tocar algumas coisas. E quer saber? Foi muito bom.
Eu toco metal desde os 10 anos de idade. Todo mundo que já foi um moleque que passava horas tocando guitarra na frente de um espelho e imaginando uma grande platéia sabe que uma oportunidade dessa não pode ser recusada. Nunca gostei de turnês. A idéia de viajar, ter organizadores ruins, equipe técnica bêbada e falta de praticidade básicas não são convidativas para mim. Sair em turnê demanda gasto excessivo de energia com coisas diferentes de simplesmente tocar, que é mais importante. Fazendo shows isolados, não precisamos correr para tocar todo dia, tocamos sempre preparados e temos equipes que farão o que devem.
Se tem gente que acha que estamos fazendo pelo dinheiro, por que diabos nós acabaríamos com o Emperor no auge da carreira? Pô, com todas as ofertas que recebemos até hoje, poderíamos fazer umas duas turnês americanas. Esse lance de sair da banda, distanciar-se e depois revisitá-la para curtir é bem legal. Depois vamos cada um pro seu lado.

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